O QUE ELES ESCONDEM

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Discurso a esperar:
Se os gregos preferem às muitas dificuldades da dignidade a canga da renúncia e humilhação, nós, Syriza, entre a traição e o valor, negamo-nos à rendição.
Outros, ou os mesmos de sempre, que vendam o país e a Europa ao novo nazismo da ocupação.
Florianis morreu de pé e nós, na honra, negar-nos-emos a viver de joelhos.
Demitimo-nos.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

No sábado, no domingo ou hoje, os meios de comunicação portugueses, tão preocupados com o cumprimento das promessas eleitorais do governo grego, podiam ter dado uma notícia, mais ou menos nestes termos:

O Parlamento grego acolhe jornadas históricas

Pela primeira vez, na Europa, foi constituída uma Comissão de Auditoria da Dívida com participação cidadã, sob os auspícios do Parlamento grego e da sua Presidente, Zoe Konstanstopoulou.

Mas, até ao momento (22 horas do dia 6 de Abril), nem uma linha. Nestes termos ou em quaisquer outros.
Façamos, então, nós de jornalistas:

Terminam hoje, no Parlamento grego, três jornadas sobre a dívida contraída pelos anteriores governos, com a apresentação de uma comissão, composta por nacionais e estrangeiros, que irá estabelecer a verdade sobre a dívida, determinando qual a parte ilegal, a ilegítima, a odiosa e a insustentável.
O Presidente da República da Grécia esteve presente e, num discurso, deu apoio a esta iniciativa.
O primeiro-ministro Alexis Tsipras, uma dezena de ministros, o chefe de gabinete de controlo do Orçamento e o chefe do serviço científico do Parlamento intervieram para dizer que punham os seus ministérios e departamentos à disposição da Comissão.
Foi acordado, igualmente, dar a conhecer os resultados desta auditoria ao Parlamento Europeu, aos parlamentos nacionais dos Estados integrantes da União Europeia, assim como à opinião pública internacional.

O que incomoda tanto nesta notícia, ao ponto de aplicarem o 9º princípio da propaganda de Goebbels: “Silenciar as questões sobre as quais não se tem argumentos e dissimular as notícias que favorecem o adversário, com a ajuda dos meios de comunicação”?

A resposta está nas seguintes definições, dadas por quem assumiu, a convite da Presidente do Parlamento grego, a coordenação científica da comissão – Eric Toussaint:

Dívida ilegal: contraída em violação do direito jurídico ou constitucional.

Dívida pública ilegítima: contraída pelos poderes públicos sem respeitar o interesse geral ou em seu prejuízo.

Dívida pública odiosa: originada em créditos concedidos a regimes autoritários ou impondo condições que violam os direitos sociais, económicos, culturais, civis ou políticos das populações afectadas pelo pagamento dessa dívida.

Dívida pública insustentável: dívida cuja devolução condena a população de um país ao empobrecimento, a uma degradação da saúde e da educação pública, ao aumento do desemprego, inclusive à subalimentação. Em resumo, uma dívida cujo pagamento implica o não respeito dos direitos humanos fundamentais.

É preciso que este “mau” exemplo não chegue aos nossos ouvidos e que a má-fé de apresentar Portugal como um caso de sucesso, diferente da Grécia, não seja visto como servilismo e traição ao país.